Tailtiu é uma deusa de vigor, força e resistência. Seu nome significa “Grande da Terra”. Foi Ela quem limpou as árvores de grandes áreas de terra para que pudessem ser aradas, plantadas e colhidas. Ela é mais associada à Planície de Brega, que fica entre os rios Boyne e Liffey. Esta área é repleta de locais sagrados para rituais como Tara, Brug na Bóinne (Newgrange) e Knowth. Ela é uma Deusa da Soberania associada à colheita, especialmente ao trigo. Inerente à colheita está a morte da estação de crescimento e as sementes do renascimento. Tudo isso é Tailtiu.
Ela era filha de Mag Mor, que significa Grande Planície, o que a tornava filha da própria Terra. Ela foi casada com Eochaid mac Eirc, o último Alto Rei Fir Bolg da Irlanda. Ele nomeou sua capital, Tailtiu (Telltown), em sua homenagem.
Durante o reinado de dez anos de Eochu mac Eirc, o primeiro sistema de justiça na Irlanda foi estabelecido e a terra era fértil.
Eochaid foi morto durante a invasão dos Tuatha De Danann na batalha de Mag Tuired, mas Tailtiu sobreviveu. Após a batalha decisiva, ela chegou e criou uma planície que, em um ano, estava coberta de trevos. Ela trouxe vida onde a destruição reinava. Ela trouxe esperança após o desespero da guerra.
Ela se casou pela segunda vez com Eochu Garb, dos Tuatha De Danann, também chamado de Duach, o Escuro. Alguns relatos dizem que Lugh, Deus Sol dos Tuatha De Danaan, arranjou seu casamento com Eochu Garb. Outros dizem que Lugh, filho adotivo do Deus do Mar Manannan mac Lir, foi criado por Tailtiu. Mas todos os relatos atribuem a Tailtiu a mãe adotiva de Lugh – e quem melhor do que uma Deusa da Terra primitiva para nutrir e criar um jovem Deus Sol?
Durante o reinado dos Tuatha De Danann, Tailtiu permaneceu uma fortaleza, uma sede de governo e um importante santuário.
Após Lugh se tornar rei, Tailtiu limpou as planícies da Irlanda, criando espaço para a agricultura. Seu amor por seu povo e por sua terra a impulsionou, mas, infelizmente, ela ultrapassou sua resistência, força e vigor e morreu de exaustão. Ela se sacrificou para dar vida ao seu povo.
Lugh a enterrou na planície de Midhe, onde Duach, o Escuro, havia limpado a terra. Ele construiu um monte sobre o túmulo dela e ordenou que fogueiras fossem acesas ali. Também ordenou que jogos e esportes fossem praticados todo verão em homenagem a Tailtiu. Este festival ficou conhecido como Lughnasadh.
Tailtiu é da Terra. Ela vem da Terra e retorna à Terra apenas para renascer. Ela preparou a terra para o cultivo; seu sacrifício proporcionou ao seu povo a colheita necessária para a sobrevivência. Tailtiu é o ser vivo que é a Terra. Ela está associada aos grãos, às maçãs e às uvas. Ela representa a fertilidade, a natureza selvagem e a abundância da Natureza. O ciclo de nascimento, morte e renascimento perdura através de Tailtiu.

Tailtiu: A Deusa do Sacrifício e o Gênese da Agricultura Irlandesa
No panteão da mitologia irlandesa, Tailtiu ocupa um lugar singular, não apenas como uma deusa, mas como a própria personificação da terra e da soberania. Sua história, mais do que um conto de deuses e batalhas, é uma alegoria sobre a transição do estado selvagem para a civilização agrícola. Ela representa a fertilidade da terra que, através de um sacrifício monumental, oferece a vida e sustento para seu povo.
O ato central de sua história— o desmatamento de uma vasta floresta para criar campos cultiváveis — simboliza a intervenção humana na natureza, transformando a paisagem em algo produtivo e domesticado. Esse esforço é tão colossal que a própria deusa, em seu corpo físico, se desintegra. Ela não morre em combate, mas de pura exaustão, um sacrifício que une sua essência à terra que ela criou. A fertilidade e a prosperidade são, literalmente, o resultado do corpo e do espírito de Tailtiu.
A Conexão com os Deuses e a Soberania
Tailtiu é uma figura de transição, conectando diferentes eras mitológicas. Como pertencente aos Fír Bolg, os “deuses da terra”, ela representa a fase inicial da colonização mítica da Irlanda. Seu casamento com o rei Eochaid Mac Eirc estabelece uma relação sagrada entre a deusa territorial e o soberano. No Politeísmo Gaélico, a deusa da terra se “casava” com o rei local; se o governante fosse justo, a deusa abençoaria a terra com fartura e estabilidade. Tailtiu é o epítome dessa ligação: durante o reinado de seu marido, a terra prosperava.
Após a derrota dos Fír Bolg pelos Tuatha Dé Danann, Tailtiu não desaparece. Em vez disso, ela se torna a mãe adotiva do deus Lugh Lámhfhada. Essa adoção é profundamente simbólica. Lugh, o deus das muitas habilidades, assume a responsabilidade de honrar a memória de Tailtiu. Ele não é o seu filho biológico, mas o herdeiro de seu legado, e o festival que ele criou em sua homenagem, o Lughnasadh, celebra a primeira colheita, que é o resultado direto do sacrifício de Tailtiu. O festival é um rito de passagem, um agradecimento à deusa que morreu para que a vida pudesse continuar.
A Reverência na Modernidade
Hoje, o culto a Tailtiu vai além dos antigos mitos. Ela é honrada como a deusa da agricultura, da colheita e da “terra cultivável” — um aspecto mais específico da terra do que o conceito primordial. Seu culto nos lembra da nossa responsabilidade ecológica.
Ao honrá-la, somos convidados a refletir sobre o vínculo entre o alimento que consumimos e a terra de onde ele vem. Através de oferendas de produtos da terra e da participação simbólica nos ciclos agrícolas, honramos não só uma deusa, mas o próprio ciclo da vida, morte e renascimento que Tailtiu personifica. Sua história é um lembrete de que a abundância que desfrutamos tem um custo, e que a gratidão e o respeito pela natureza são essenciais para a nossa própria sobrevivência.
Tailtiu nos lembra de sermos gratos pelos sacrifícios feitos por nossas mães, nossos pais, nossos amigos e familiares, por nós mesmos, pela nossa Terra; sacrifícios que nos fornecem o sustento da vida. Tailtiu nos lembra de nos alegrarmos com os frutos da nossa Terra. Tailtiu, com gratidão e alegria, nos guia para a compreensão dos sacrifícios que devemos fazer em nosso papel de proteger a Mãe Terra. Invoque Tailtiu enquanto celebram a generosidade que a Terra nos proporciona e trabalhem juntos para restaurá-la ao equilíbrio.
Tailtiu
Deusa da terra. Da vida. Da abundância
Força da natureza
Amor tão grande em ti existe
Amor tão poderoso que é força e coragem
Amor por teu povo
Amor por teu filho
À terra se entregou
A terra então prosperou
Através de ti, do teu amor, do teu trabalho
Com uma colheita farta nos presentou
Então descansou
Teu amor e dedicação nos inspira
Tailtiu.
Deusa da Terra. Da abundância. Da prosperidade
Força da natureza
Que através do seu exemplo de força
Possamos lavrar nossos campos e semear nossos sonhos
Que nossa colheita seja abundante e próspera
Tailtiu
Deusa da Terra. Da abundância. Da prosperidade
Força da natureza
Tu és amor
Alyne Atanoklerkä
Druidesa da Ordem Druídica Ramo de Carvalho
Fontes:
A Segunda Batalha de Moytura
Os métricos Dindshenchas: Taltiu
O Livro das Invasões da Irlanda
Politeísmo Gaélico https://ildiachas.wordpress.com/tailtiu/
Notas Para Grande Canção https://notasparagrandecancao.wordpress.com/tag/tailtiu/
